quarta-feira, 25 de junho de 2014

Baterias dos Carros Elétricos - Vantagens, Desvantagens e Inovações

Há diferentes tipos de baterias para veículos elétricos. Dentre as mais utilizadas está a bateria de íon de lítio. Entre as vantagens destaca-se o facto de serem facilmente recarregáveis, não ficarem viciadas, armazenarem o dobro da energia e serem leves. Embora sejam mais caras, possuem vida útil mais longa. Por outro lado possuem suas desvantagens. Apesar destas baterias serem reutilizáveis, não são suficientes para abastecer uma frota mundial de carros eléctricos. Além disso, convém referir que as baterias de íon de lítio são perigosas pois o metal é bastante instável, altamente inflamável e pode deteriorar-se facilmente. Seguem em mais detalhes as vantagens e desvantagens dessas baterias.
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Vantagens das Baterias íon de lítio:
·         As baterias de íon de lítio são a grande esperança dos construtores de Elas não apresentam o efeito memória, o que significa que não é preciso descarregá-las totalmente antes da recarga, como acontece com outros tipos de baterias (Brain, Marshall; How Stuff Works;
·         Costumam ser muito mais leves do que outros tipos de baterias recarregáveis do mesmo tamanho. Os eletrodos de uma bateria de íon-lítio são feitos de lítio e carbono leve. Além disso, o lítio também é um elemento altamente reativo, o que significa que é possível armazenar bastante energia em suas ligações atômicas. Significando uma densidade de energia muito alta para essas baterias.
(BRAIN, Marshall. How Stuff Works. Disponível em: <hsw.uol.com.br>)

Desvantagens das Baterias íon de lítio:
·         São extremamente sensíveis a temperaturas altas. O calor faz com que as baterias de íon-lítio se decomponham muito mais rapidamente do normal;
·         Se você descarregá-las completamente, elas não podem mais ser utilizadas;
·         Um conjunto de baterias íon-lítio deve ter um computador de bordo para gerenciá-la, tornando-as ainda mais caras do que já são;
·         Há uma pequena chance de que, se uma bateria de íon-lítio falhar, ela se incendeie.
(BRAIN, Marshall. How Stuff Works. Disponível em: <hsw.uol.com.br>)

Figura: Bateria de lítio automotiva.
Fonte: Powercells (powercells.de)

Figura: Sistema com bateria de Lítio em um Mitsubishi iMiEV.
Fonte: ridelust.com

            A tabela a seguir traz um quadro comparativo entre os principais tipos de bateria: de NiCd, NiMH e de Lítio. (Adaptação da tabela disponível no site em alemão da POWERCELLS. Disponível em: powercells.de)
Tabela 1: Quadro geral das características das baterias de NiCd, NiMH e de Lítio
Fonte: Adaptação da tabela disponível no site em alemão da Powercells (powercells.de)

            Percebe-se que as baterias de Lítio apresentam vantagens significativas com relação às outras, como menores índices de auto-descarga, estado funcional em temperaturas mais baixas, maior tempo de armazenamento e sistema de gerenciamento da bateria.

Soluções e Inovações Para Baterias de Lítio

            Como visto, as baterias de lítio também tem suas desvantagens, mas hoje há pesquisas e inovações para solucionar tais problemas, como será visto a seguir:

Baterias de Lítio-Silício
Em 2010, pesquisadores conseguiram pela primeira vez substituir o carbono pelo silício nas baterias de íons de lítio. O silício consegue acomodar 10 vezes mais íons de lítio do que o carbono, mas ninguém até então havia conseguido fazer isto na prática. Porém, a equipe da Dra Sibani Lisa Biswal, da Universidade de Rice, construiu protótipos capazes de suportar 250 ciclos de recarga, cerca de um quarto do necessário para que uma bateria alcance escala comercial.
Agora, a equipe não apenas alcançou 700 ciclos de recarga, como demonstrou que a sua técnica permite a construção de baterias reais com uma capacidade de até 1.000 miliamperes-hora por grama (mAh/g).
Os melhores anodos de carbono hoje no mercado alcançam uma capacidade de 350 mAh/g. Os pesquisadores acreditam que, mesma com uma ciclagem média, a combinação com a elevada capacidade de carga poderá permitir que seu protótipo impulsione na prática o campo das baterias, praticamente estacionado em termos tecnológicos há vários anos. Resultados que acabam de ser superados pelo trabalho de Jiepeng Rong e seus colegas da Universidade Sul da Califórnia, nos Estados Unidos. A equipe já havia conseguido um grande avanço usando nanofios de silício, mas os nanofios são frágeis e, embora funcionem bem em condições de laboratório, ainda não existem técnicas robustas para fabricá-los em escala industrial. Por isso os pesquisadores passaram a trabalhar com nanopartículas de silício já disponíveis comercialmente, criando um material com a mesma porosidade que os nanofios - os poros são essenciais para que os íons de lítio fluam para fora e para dentro do anodo. Enquanto o melhor resultado anterior (da Universidade de Rice) havia alcançado uma capacidade de 1.000 miliamperes-hora por grama (mAh/g) de material, o novo protótipo alcançou nada menos do que 1.500 mAh/g depois de 100 ciclos, com um decaimento de menos de 0,05% por ciclo.
 
Figura: Nanopartículas de silício já disponíveis comercialmente (à esquerda) e material criado com a mesma porosidade que os nanofios (à direita).
Fonte:  Mingyuan Ge/Chongwu Zhou (Disponível em: <inovacaotecnologica.com.br>)
  
Enquanto a bateria original, usando nanofios, suportou 2.000 ciclos, o protótipo com nanopartículas durou apenas 200 ciclos, abaixo dos 500 estipulados pela equipe para que a tecnologia atinja a viabilidade comercial. Contudo, com base nos resultados anteriores, e nos trabalhos de outras equipes, os pesquisadores avaliam que a tecnologia das baterias de lítio-silício deverá estar no mercado nos próximos dois a três anos (EQUIPE DE REDAÇÃO DO SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2012. Disponível em: inovacaotecnologica.com.br)

            Baterias de Ar-Lítio
            Segundo MARTINS (2012), um dos principais motivos que impede a popularização dos carros elétricos atualmente é o medo do consumidor de que a bateria não dure tempo suficiente para se chegar ao destino desejado. Uma das possíveis soluções para esse problema é a utilização de baterias de ar-lítio, capaz de dar uma autonomia de 800 km para o carro elétrico. As bateria de ar-lítio criadas em laboratório parecem bem promissoras na questão de autonomia e são capazes de armazenar 10 vezes mais energia do que as melhores baterias de íon-lítio presentes no mercado atualmente. Isso é possível pois, no lugar dos óxidos metálicos utilizados no eletrodo positivo das baterias atuais, as de ar-lítio empregam o carbono, que é bem mais leve, mais barato e reage com o oxigênio do próprio ar ambiente para gerar a corrente elétrica necessária. Porém, mesmo parecendo bem promissora, a nova fonte de energia mostrou-se muito instável em todos os protótipos criados em laboratório, que ficaram totalmente inutilizáveis depois de alguns poucos ciclos (carga e descarga).
            Como demonstra o gráfico abaixo, a bateria ar-lítio tem um potencial teórico mais de 1.000 vezes superior às baterias mais modernas:
          
Figura 18: Gráfico comparativo entre a bateria de ar-lítio (Lithium-oxigem) com relação às baterias convencionais.
Fonte: Winfried Wilcke/IBM (Disponível em: <inovacaotecnologica.com.br>)
Por outro lado, uma equipe de pesquisadores da Universidade de St. Andrews, no Reino Unido, afirma ter conseguido estabilizar essa reação, criando assim o primeiro protótipo de bateria de ar-lítio realmente utilizável. O time do Dr. Peter Bruce substituiu o material com carbono por outro contendo nanopartículas de ouro.
           
Figura: Modelo proposto pelo Dr. Peter Bruce e sua equipe.
Fonte: TECMUNDO. Disponível em: tecmundo.com.br
            Além disso, no lugar do eletrólito que reagia com o oxigênio foi utilizado o solvente dimetilsulfóxido, ou DMSO. As mudanças deram certo e as baterias passaram a suportar cerca de 100 ciclos de carga e descarga, segundo o que foi publicado na edição de agosto de 2012 da revista Science.
Infelizmente, nem tudo é perfeito, e utilizar ouro na bateria pode encarecer demais o produto, mesmo sendo apenas nanopartículas. Outro problema é que a nova receita não foi testada juntamente com o ânodo (parte negativa de uma bateria). Dessa forma, ainda é possível que haja alguma reação química indesejada.
Mas os trabalhos da equipes de pesquisa estão só começando. Com a descoberta feita pela equipe do Dr. Peter Bruce, há um novo campo a ser explorado e mais esperança para a popularização dos carros elétricos. (MARTINS, E., 2012. Disponível em: tecmundo.com.br)





Figura: A bateria de ar-lítio está funcionando em escala de laboratório, e cientistas da IBM prometem um protótipo em escala real em breve.
Fonte: IBM Almaden – Disponível em: inovacaotecnologica.com.br

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